Expandir um negócio para outro país exige resiliência, adaptação e aprendizado constante. No episódio do Glincast, Alexandre Mastandrea compartilhou sua trajetória de empreendedor brasileiro nos Estados Unidos, revelando os desafios de começar do zero, os erros cometidos e as oportunidades que encontrou no setor de construção para telecomunicações e eletricidade.
Refletindo sobre sua trajetória e sobre o significado do sucesso, Mastandrea afirma: “depende da métrica. Para alguns, ainda não cheguei lá. Para mim, olhando para trás, sou muito maior e mais forte do que quando cheguei. Tenho muita história para contar”.
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A jornada de Alexandre Mastandrea antes da mudança para os EUA
Formado em Marketing, Alexandre Mastandrea teve uma carreira diversificada no Brasil, atuando no setor de bens de consumo em grandes empresas como Nestlé e Catupiry. Mais tarde, migrou para o setor de saúde, onde permaneceu por 14 anos trabalhando com distribuição de produtos hospitalares.
Em 2014, após vender sua empresa no Brasil, surgiu a oportunidade de recomeçar nos Estados Unidos. “A gente tinha vindo para cá passear, nos apaixonamos por Orlando, e quando vendi minha empresa no Brasil, veio a pergunta: ‘o que fazer agora?’”, contou.
O primeiro passo foi estudar inglês, e para isso, Mastandrea e sua esposa Cláudia obtiveram um visto de estudante, permitindo que a família se estabelecesse de forma mais estruturada no país.
Os primeiros desafios e a adaptação nos Estados Unidos
A mudança para os EUA não foi apenas uma questão profissional, mas também cultural e familiar. Com filhos em diferentes idades, a adaptação ao sistema escolar foi um dos primeiros desafios. “Aqui tudo é muito macro, o professor atende muita gente. Se o aluno não se destaca, ele pode ser negligenciado pelo sistema”, explicou, mencionando as dificuldades que seus filhos enfrentaram na nova realidade.
No início, Mastandrea tentou alguns investimentos que não deram certo. “Eu nunca tinha tomado um tombo profissional até pouco antes de sair do Brasil. Cheguei aqui e foram seguidos, um atrás do outro. Você se questiona: será que fiquei burro de repente?”, disse, refletindo sobre a vulnerabilidade do imigrante ao chegar em um novo país.
O primeiro negócio nos EUA envolveu vacation homes (aluguel de temporada), mas acabou sendo um fracasso. “Foi uma dor de cabeça tremenda cancelar contratos, lidar com regras de aluguel que mudavam o tempo todo. No final, foi prejuízo”, contou.
Diante da necessidade de manter a família financeiramente, o empreendedor não hesitou em buscar alternativas: “Fui fazer Uber, limpar piscina, e minha esposa começou a trabalhar com design de sobrancelhas. Não dava para ficar parado, era preciso pagar o aluguel e seguir em frente”.
O processo de regularização e cidadania americana
Uma parte fundamental da jornada de Alexandre Mastandrea foi a legalização de seu status imigratório. “Minha esposa conseguiu um visto EB3, que é um visto de trabalho técnico. Após um ano e meio de processo, conseguimos o green card“, explicou.
Após cinco anos, ele deu entrada no processo de cidadania americana, que foi concedida recentemente. “Minha filha mais velha foi a primeira a obter a cidadania, depois eu, e agora minha esposa está na fase final do processo”.
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A virada para o setor de construção e infraestrutura
O setor de construção surgiu na vida de Mastandrea de maneira inesperada. Após emprestar dinheiro a um conhecido que trabalhava com fibra óptica, percebeu que o mercado tinha potencial. “Eu fui cobrar o cara e acabei conhecendo o contratante. Ele perguntou: ‘você tem interesse em entrar nesse setor?’. Eu falei que não tinha experiência, não era engenheiro e nem tinha capital. Ele disse que poderia me ajudar”, relatou.
Essa oportunidade foi o ponto de partida para a criação da AMT Business, sua empresa voltada à infraestrutura para telecomunicações e eletricidade. “Comecei indo para o jobsite, puxando fibra óptica literalmente. No início, alugava os equipamentos e os funcionários de um terceiro”, explicou.
Com o tempo, a empresa cresceu e expandiu suas operações para incluir perfuração e instalação de tubulação para fibra óptica. “Deixamos de ser apenas uma empresa que puxava fibra para também instalar tubulação subterrânea. O mercado de infraestrutura nos EUA está aquecido, principalmente na Flórida, e aproveitamos essa onda para crescer”.
Empreender no Brasil x empreender nos Estados Unidos
Ao comparar os dois mercados, Alexandre Mastandrea destacou que ambos oferecem espaço para quem deseja empreender. “Se você tem um bom projeto e se dedica, tem chance de dar certo em qualquer lugar”.
Por outro lado, ressaltou diferenças importantes:
- Menos burocracia nos EUA
“Abrir empresa e conseguir crédito é mais fácil, mas o acesso ao crédito também pode ser perigoso se não souber administrar”, aconselha o empreendedor. - Volumes financeiros e nichos de mercado
“Nos EUA, o potencial de clientes e a diversidade de nichos são muito maiores”, aponta Mastandrea. - Dificuldades com inadimplência e mercado regulado
“Mesmo aqui, enfrentamos calotes e desafios financeiros. O empreendedor sempre precisa estar atento”, sugere o brasileiro.
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Conselhos para empreender nos Estados Unidos
Para quem pensa em imigrar e empreender nos EUA, Alexandre Mastandrea deixou conselhos valiosos:
- Faça um planejamento sólido
“Não tome decisões precipitadas. Pesquise, entenda o mercado e faça sua lição de casa”, comenta o empreendedor. - Não caia em armadilhas
“A vulnerabilidade do imigrante pode levar a decisões erradas. Nem todo mundo que oferece ajuda tem boas intenções”, Mastandrea indica. - Seja persistente
“O sucesso não vem rápido, exige resiliência. Vai ter tombo, mas é preciso continuar”, afirma Mastandrea. - Busque a legalização
“A clandestinidade traz riscos. Se não houver outro caminho, pague impostos e busque a regularização o quanto antes”, o brasileiro reforça.
Outras histórias de empreendedores internacionais
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