Empreendedorismo

“Emigrar é um ato de coragem”: advogada brasileira ajuda imigrantes em Portugal

Gabriella
Conteúdo

Mudar de país é um grande desafio, e a advogada brasileira Gabriela de Sá conhece bem essa realidade. Atualmente, ela trabalha em Portugal ajudando brasileiros que desejam morar no país, oferecendo consultoria jurídica para imigração e nacionalidade. Mas antes de se consolidar no mercado, ela passou por diversos desafios, desde trabalhar em uma sorveteria até enfrentar barreiras para recomeçar sua carreira.

Em entrevista ao podcast Glincast, Gabriela compartilhou detalhes da sua trajetória e deu dicas valiosas para quem quer viver na Europa.

Gabriella

Leia mais: Glincast: conheça as histórias de empreendedores brasileiros no mercado internacional
Empreender nos EUA: a trajetória de Rogério Giannini à frente da MCA Transportation

Do sonho da advocacia no Brasil à decisão de ir para Portugal

Formada em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Gabriela iniciou sua carreira trabalhando em um grande escritório no Brasil, com o objetivo de ser efetivada como advogada. No entanto, diante das incertezas da profissão, ela começou a considerar outras possibilidades, incluindo um mestrado em Portugal.

“Eu tinha entrado naquele escritório há um ano e comecei a pensar: o que vou fazer da minha vida depois de me formar?”, lembra Gabriela.

Ao mesmo tempo, considerou seguir a carreira pública no Brasil, fazendo a Escola da Magistratura (Emerj), mas percebeu que seu perfil era mais voltado para o ambiente corporativo e empreendedor.

“Eu queria ficar horas no escritório, queria não ter hora para entrar e sair, queria ter liberdade para trabalhar de casa ou no escritório. No fundo, eu já tinha uma veia empreendedora e não sabia”, conta.

Após ser aceita no mestrado em Lisboa e ser incentivada pelos pais a experimentar a vida fora do Brasil, Gabriela decidiu dar um passo ousado e se mudar para Portugal.

“Eu tinha um namorado há cinco anos no Brasil, tinha minha vida no Rio de Janeiro, mas meus pais disseram: ‘você é nova, não tem nada que te prende, vai para Portugal’. Foi a melhor coisa que fiz”, afirma.

As dificuldades do começo: recomeçar do zero em outro país

A chegada a Portugal não foi fácil. Apesar da familiaridade com a língua, Gabriela enfrentou desafios culturais, burocráticos e profissionais.

“Quando a gente emigra, a gente recomeça num lugar onde ninguém sabe da nossa história, ninguém sabe o que você fez antes”, explica.

Ela ressalta que um dos maiores choques foi perder referências básicas do dia a dia. “Você sabe onde comprar um pão bom no Brasil, onde encontrar um chaveiro se perder a chave. Quando você se muda, não tem essas referências. Fica meio zonzo, confuso”, conta.

Além disso, a carreira jurídica exigia revalidação do diploma, o que a impediu de atuar como advogada de imediato. Para se sustentar, Gabriela trabalhou em sorveteria e telemarketing, mesmo já tendo formação e experiência no Brasil.

“Teve cliente que fazia piada quando eu dizia que era advogada no Brasil. Mas eu estava ali para pagar meu mestrado”, relembra.

Saiba mais: Empreendedor internacional: conheça a trajetória de Ketlen Gomes, que realiza o sonho de brasileiros que querem se casar no exterior
De jornalista no Brasil a empreendedor nos EUA: conheça a trajetória do fundador da Wonder Orlando

A virada de chave: de empregada a empreendedora no setor jurídico

Com o tempo, Gabriela conseguiu um emprego em uma startup jurídica e, posteriormente, abriu seu próprio escritório especializado em imigração e nacionalidade. Hoje, seu trabalho cresceu tanto que já está expandindo para a Espanha e o Brasil.

Mas a transição para empreendedora não foi imediata. O momento decisivo veio quando a startup onde trabalhava entrou em insolvência.

“Eu já estava com três salários atrasados e precisava me manter. Foi aí que percebi que trabalhar para os outros não garantia estabilidade nenhuma. As pessoas acham que empreender é mais arriscado, mas seu emprego também pode acabar do nada”, reflete.

Desde então, Gabriela passou a construir sua marca no setor jurídico, utilizando redes sociais e YouTube para produzir conteúdo informativo sobre imigração.

“Eu comecei postando sobre nacionalidade portuguesa no Instagram, e no início muita gente duvidou. Hoje, essas mesmas pessoas vêm me pedir serviços”, conta.

Os erros mais comuns de quem quer morar em Portugal

Com a experiência de ajudar imigrantes diariamente, Gabriela destaca que muitos brasileiros cometem erros ao planejar a mudança para Portugal. O principal deles é não investir em assessoria jurídica adequada.

“As pessoas tentam fazer tudo sozinhas para economizar, mas depois enfrentam problemas. A lei muda o tempo inteiro, e nem tudo que está no site oficial está atualizado. O barato pode sair caro”, alerta.

Outro erro é a falta de planejamento financeiro e emocional. “O primeiro ano é sempre o mais difícil. Você sente saudades, precisa se adaptar, aprender como tudo funciona. Se planejar minimiza os impactos, mas sempre haverá desafios”, afirma.

Veja também: Empreender fora do Brasil: como Fernanda Linhares construiu seu negócio de beleza nos Estados Unidos
A trajetória de Bruno Loepert: o empreendedor brasileiro por trás da The Super Travel

O futuro: expansão para a Espanha e Brasil

Hoje, Gabriela não só consolidou seu escritório em Portugal, como está expandindo seus serviços para a Espanha e o Brasil.

“Já estou no processo de inscrição na Ordem dos Advogados da Espanha para atuar por lá. E no Brasil, temos muitos estrangeiros querendo se legalizar. O mercado migratório é gigante”, explica.

Além disso, Gabriela pretende ajudar advogados brasileiros a trabalharem internacionalmente. “Estou preparando um curso para ensinar advogados a trabalharem com nacionalidade e imigração, tendo liberdade geográfica e financeira”, conta.

Conselhos para quem quer morar em Portugal

Para quem sonha em viver em Portugal, Gabriela dá um conselho direto: não pense demais e planeje-se bem.

“A imigração é um processo que envolve investimento. Se você ficar esperando muito tempo para decidir, as regras mudam e as oportunidades se fecham”, alerta.

Ela também enfatiza que a mudança não significa apenas buscar uma vida melhor financeiramente, mas sim mais qualidade de vida.

“Portugal não é um país para enriquecer, mas para ter segurança, poder de compra e qualidade de vida. Você não vai ficar milionário, mas vai poder sair na rua sem medo, colocar seu filho em uma boa escola pública e viajar barato pela Europa”, afirma.

Com a Glin, empresas estrangeiras recebem pagamentos em reais com conversão automatizada e depósito no dia seguinte, garantindo agilidade no fluxo de caixa e eficiência operacional. Cadastre-se agora mesmo aqui.

Artigos relacionados

plugins premium WordPress